Educando pais

Faz algum tempo que não escrevo sobre meus devaneios de mãe... E pra ser sincera, está até difícil começara escrever esse post.

Mas vamos lá!

Eu e meu marido começamos a fazer um curso sobre criação de filhos, mas que pra mim tem sido um curso sobre criação de pais. Ok, ok... Isso pode soar estranho pra você, afinal, paternidade se aprende errando, acertando, vivendo. Mas o fato é que a paternidade é um desafio e tanto! Nossos filhos tem necessidade, e elas vão se tornando mais complexas a cada dia que passa. E como pais, queremos suprir essas necessidades (de preferência da forma correta e sem criar traumas!).

Quem nunca ficou sem ação diante de uma atitude ou algo que seu filho disse? Quem nunca teve dúvidas de como agir diante de alguma situação que envolva nossos filhos?
Quando a gente se expõe a informações sobre o universo de nossos filhos, sobre sua consciência, sobre obediência, sobre disciplina, sobre princípios morais, estamos, ao mesmo tempo, expondo quem somos como pais. Afinal, a responsabilidade da educação é nossa.

E nesse processo de aprendizado pais e filhos, nos deparamos com os nossos acertos e com nossos erros (e é aí que a coisa pega!).

Essa semana foi especialmente complicada para mim. Durante o curso, estávamos conversando sobre interferir ou não em alguns processos de aprendizado de nossos filhos.
Já faz algum tempo, percebi que minha tendência é não interferir. Por causa da idade da minha filha (4 anos), gosto de observar como Isabela reage às situações, às pessoas. Uma vez uma pessoa me falou que sou uma mãe águia, não mãe coruja. Confesso que fiquei feliz com o comentário.  E até aí tudo bem.

Mas no decorrer da conversa, começamos a falar sobre os momentos em que devemos sim, como pais, interferir.

E foi aqui que a coisa pegou para o meu lado. Imediatamente lembrei de algumas situações que vivenciamos aqui em casa, e uma em especial me abalou. E muito. Foi difícil segurar a vontade de chorar. Passei o resto da noite com um nó enorme na garganta.

Lembrei de um dia em que a Isa estava aqui em casa com uma criança que ela convivia diariamente (acho melhor não detalhar para não expor) e fui até a cozinha para pegar suco para os dois. Quando voltei, entreguei para cada um deles um copo e me sentei junto para assistir um desenho. De repente, o menino levantou e quis tomar o copo da Isa. Diante da recusa dela, ele deu um soco na cara dela. Não satisfeito, ele a derrubou e deu um chute.

Isso tudo na minha frente! Claro que eu agi. Peguei-a no colo e virei para ele e disse que não devia fazer aquilo, que era errado bater nos outros e falei para ele pedir perdão. Nesse momento, chega a mãe dele e pergunta o que aconteceu. Contei para ela o que ele tinha feito e por que.

Então a mãe vira para ele e diz: meu amor, vamos para casa. E leva o filho pelas mãos.

Vendo a criança ir embora, Isa vira para mim chorando e diz: “não mamãe, não quero que ele vá embora. Deixa ele ficar! Eu prometo que nunca mais vou chorar quando ele me bater!”

É difícil escrever sobre isso. Mas ouvir da boca da sua filha de 2 anos que ela preferia apanhar de alguém (nesse caso alguém que ela amava muito), e sofrer quieta a ficar sem brincar com ele, me matou!

Na hora eu percebi que aquela atitude dela não era devido a uma situação pontual, afinal ela apanhava dele desde os 8 meses. (e quando lembro disso tenho vontade de ME esganar). Mas o fato é que, mesmo eu chamando a atenção da criança sempre que ela fazia isso, eu permiti que minha filha passasse por isso repetidamente. Sem perceber, EU permiti.  E naquele momento, com apenas 2 anos, ela aceitava aquela violência. E o pior, ela estava achando que estava sendo punida por chorar quando apanhava dele.

Infelizmente, para preservar a relação dela com aquela criança, eu não preservei minha filha. E como foi duro perceber isso!

E diante daquela situação, eu precisava me recompor como mãe (eu me sentia O lixo, culpada, a pior mãe do mundo) pois eu tinha que ensinar à minha filha sobre amor próprio, sobre respeito aos outros.

Depois, mais tarde, eu também entendi a gravidade da situação por ela ser, além de criança, uma menina que se tornará uma mulher. Está entendendo onde quero chegar?

As pessoas que sabiam desse problema por diversas vezes me falaram que eu não devia mais deixá-la andar com essa criança. Mas eu inocentemente achei que chamando a atenção dele resolveria o problema. Mas não resolveu. Falei à ela que ela poderia bater nele para se defender. E não resolveu. E minha filha continuou apanhando até um dia em que houve uma briga mais séria, e desta vez envolvendo os adultos, e eu resolvi dar ouvido aos outros, inclusive ao meu marido, e  não a deixei mais brincar com ele.

E quer ouvir algo engraçado nessa história toda (se é que isso é possível)? Eu percebi, da pior forma possível, que a outra mãe estava certa. Não pela postura que ela tomava diante desse problema da violência e agressividade de seu filho.  Mas ela estava certa porque, como mãe, ela estava defendendo e preservando seu filho. Coisa que eu não fiz na época com MINHA filha.

Isso me machucou muito e machuca ainda. É claro que a minha postura hoje é outra. É claro também que vou continuar a não fazer vistas grossas diante dos erros da Isabela e do Davi. Como disse, a responsabilidade da educação é minha e de meu marido. E eu os educo porque os amo!

Mas o fato é que aprendi com os erros do passado a encarar e agir da forma correta.

Bem, esse curso vai até junho...  Até lá acho que vou chorar muito. E desabafar muito também!

E obrigada pelo ombro!

Carol.

5 comentários:

Marianne Martins Loureiro 31 de março de 2012 às 22:02  

Que curso é esse amiga??? Adorei o post...e refleti bastante....

Karen,  1 de abril de 2012 às 11:41  

Muito bom esse post! Ainda não passei por situações assim com a minha Ana, mas sei que vou passar, e vc me ajudou a não deixar (ou pelo menos tentar não deixar) isso acontecer com ela. Fiquei com um aperto no peito, tadinha!! Continue escrevendo e obrigada pelas palavras!

Carol Siloto 1 de abril de 2012 às 17:26  

Obrigada meninas! Foi bom desabafar...

Obrigada mesmo!

A maternidade é algo maravilhoso, não é mesmo? E criar um filho emocionalmente sadio acredito que seja a tarefa mais complicada que nós mães vamos enfrentar nesse processo.

Precisamos sempre ter em mente que nossos pequenos de hoje se tornarão pais, profissionais, maridos, esposas... Que tipo de pessoas estamos criando?

Sei que nesse processo de aprendizado nossos filhos passarão por situações que preferiríamos que eles não pasassem, não é mesmo? Mas entendi com isso tudo que também existem aquelas situações que eles não precisam ser expostos.

O jeito minhas amigas é pedir sabedoria e aprender com os erros dos outros (nesse caso o meu...rs)

Mari, o curso é o Educando filhos segundo a maneira de Deus. Não é um curso religioso (se fosse eu não faria). É simplesmente MARAVILHOSO!!! Se puder faça amiga. Bjs na Bianca!!!

Karen, parabéns pela Ana!!! Um presente dado por Deus!

E que Deus nos dê sabedoria para criarmos essas delícias que são nossos filhos!!! (agora fui coruja né não?)

Bjs!

Rô Rezende 9 de maio de 2012 às 06:48  

Moça, não acho certa a postura da outra mãe, não. Porque acho que nossos filhos não devem sempre ser preservados. Não quando estão errados, o que se aprende assim?

Que homem esse menino se tornará?

Enfim, também fiquei com um nó no peito. Sinta-se abraçada e jogue a culpa fora. Ninguém acerta sempre.

Ana Carolina 9 de maio de 2012 às 09:19  

Ai Rô, obrigada pelo comentário!
Tô tentando jogar a culpa fora viu?

E super obrigada pelo abraço!!!

Bjs!

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